Marcela (Brasil) X Camomila (Europa)
Nome
científico: Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
Nomes
vernaculares: marcela, macelinha,
macela, alecrim-de-parede, camomila-nacional, macela-da-terra.
Características botânicas: pode chegar
até 120 cm de altura, possui ramos cilíndricos, costados, lanosos. As folhas
são simples, alternas, sésseis, de margens inteiras, base truncada; face
adaxial tomentosa e face abaxial canescente. Os capítulos são disciformes,
sésseis, em corimbos densos; invólucro cilíndrico, medindo entre 5 e 6 mm de
comprimento, de 1 a 2 mm de diâmetro, brácteas involucrais hialinas, ovadas a
lanceoladas, glandulosas, margens inteiras, base lanosa; receptáculo plano,
foveolado, glabro. Flores marginais, de coloração amarelada, corola filiforme,
internamente glabro, ramos do estilete cilíndricos, ápice truncado, glabro.
Origem: América do Sul incluindo o Brasil. Ocorre nas regiões
Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) e Sul
(Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul).
Aspectos agronômicos: é heliófita, ruderal, cresce
em pastagens, terrenos baldios e capoeiras. Floresce no verão/outono e possui
dispersão das sementes de forma anemocórica. As sementes são fotoblásticas
positivas e a propagação gâmica é mais utilizada para cultivos. É considerada
“espontânea” no Sul do país devido a sua capacidade de desenvolvimento em solos
arenoso, argiloso, pedregoso e até em áreas semi-halófitas próximas ao mar.
Porém, desenvolve-se melhor em solos férteis e com bom teor de umidade.
Composição química: as sumidades floridas dessecadas contém ao redor de
0,75% de óleo essencial, o qual é composto por diversas substâncias químicas,
entre elas: cariofileno, óxido de cariofileno, D-cadineno, cariatina, germacreno-D, α-pineno, salveno,
ácido crotônico, farneseno, terpenóides, cumarinas, flavonoides entre outras. Os
flavonoides são encontrados em maior concentração nas inflorescências e na
parte aérea de marcela. Entre os principais estão: isonafaliina, quercitina,
galangina-3-metiléter, ácidos polifenóicos, quercitina, luteolina, galangina,
ésteres de colerianina e isognaftalina.
Importância farmacológica: hepatoprotetora, calmante, digestiva, bactericida, colagoga,
antimicótico, antiespasmódica, anti-inflamatória, sedante e antiviral.
Importância econômica: é considerada planta símbolo
do estado do Rio Grande do Sul, além de possuir importância econômica em que a
inflorescência, quando macerada, fornece um refresco saboroso. Da
inflorescência também pode ser extraído um corante natural para tingir lãs e
tecidos. Seu aroma é peculiar, sendo toda parte aérea utilizada como enchimento
de travesseiros, almofadas, colchões e em sachês para afastar insetos. Além
disso, é uma das plantas medicinais mais vendidas no Rio Grande do Sul. Também
é consumida na forma de chá.
Etnofarmacologia: muito utilizada pelos índios da
América do Sul, como digestiva, anti-inflamatória, antiséptica, emenagogae
emagrecedora. É uma tradição, que sua coleta seja feita na sexta-feira Santa,
para que se obtenha o máximo de benefícios com seu uso.
Nome científico: Matricaria chamomilla L.
Nomes
vernaculares:
camomila, camomila-alemã, maçanilha, matricária, camomila vulgar, camomila
comum.
Características botânicas: glabra, ereta,
muito ramificada, com até 50 cm de altura. Folhas de 3–7 cm de comprimento, bi ou
tri pinatissectas, alternas. Capítulos com flores de dois tipos, inseridas num
receptáculo cônico, oco; flores marginais, brancas, zigomorfas, liguladas,
femininas, curvadas para baixo no final da floração, flores centrais amarelas,
tubulosas, hermafroditas, 5 estames. Fruto do tipo aquênio, truncado no ápice.
Origem: trazida para o
Brasil pelas mãos de ucranianos, poloneses, alemães e italianos no final do
século XIX, a camomila é nativa do mediterrâneo e sul da Europa.
Aspectos agronômicos:
é
anual, de clima temperado, sendo cultivada durante o inverno, pois não tolera
temperaturas elevadas, acima de 25ºC, ou chuvas prolongadas durante a floração;
prefere solos bem drenados, porém com boa capacidade de retenção hídrica, com
fertilidade média/alta e com médio teor de matéria orgânica. Exigente quanto a
irrigação, principalmente quando cultivada em regiões de inverno seco. A maior
demanda de água, ocorre na formação da muda e na fase de botões florais.
Propagação
por sementes em bandejas ou diretamente no solo; o espaçamento deve ser de 20 cm
entre plantas e de 20 a 40 cm entre linhas. Sob sol pleno; colheita parcelada a
partir de 3 a 4 meses do plantio no campo, colhendo-se apenas as flores para
manter a qualidade do produto. Seu rendimento fica em torno de 500 a 800 kg.ha-1/ano,
de flores secas.
Composição
química:
Os capítulos florais possuem de 0,3 – 1,5% de óleo essencial, cujos componentes
principais são o chamazuleno, α-bisabolol,
α-bisabolóxidos A, B e C, cis e
trans-en-in-dicicloeter (spiro-éter). Também é relatada a presença de diversas
flavonas e flavonóis como apigenina, quercetina, rutina e luteolina, além das
lactonas sesquiterpênicas matricina e matricarina. Cumarinas umbeliferona,
herniarina e mucilagens também estão presentes nos extratos aquosos dos
capítulos florais.
Importância
farmacológica:
atividade antibacteriana, fungicida, antiasséptica, sedativa, adstringente,
anestésica, antiasmática, antialérgica, efeito anti-inflamatório e espasmolítica.
Importância
econômica: Utilizada na
aromatização de bebidas, consumida na forma de chá, xampus (clareador de
cabelos), detergentes e sabões.
Etnofarmacologia:
o uso medicinal de marcela foi descrito por
Dioscórides no primeiro centenário d.C. É uma das ervas medicinais mais antigas
que a humanidade já utilizou. Os antigos egípcios tratavam uma doença
semelhante à malária com o chá de suas flores. Ficou muito conhecido também um
tipo de vinho aromatizado com flores de camomila. Na Espanha, esse vinho era
usado como digestivo.
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