Carqueja (Brasil) X Babosa (África)

A Copa do Mundo das Plantas Medicinais

     Foto: Daniel Garcia

Nome científico: Baccharis trimera (Less.) DC.
Nomes vernaculares: carqueja, carqueja-amarga, bacorida, carque, quina-de-condamine, vassoura, vassoura-de-botão, tiririca-de-babado, carqueja-doce, bacanta e cacalia-amarga.
Características botânicas: a primeira identificação botânica foi feita por Augustin Pyrame De Candolle em 1836, daí as letras “DC” no final do nome científico da carqueja em apreço. Segundo análise macroscópica descrita na quinta edição da Farmacopeia Brasileira (2010), B. trimera é dioica, possui ramos cilíndricos, trialados, de até 1 m de comprimento, áfilos ou com raras folhas sésseis e reduzidas nos nós. Alas verdes, glabras, membranosas. Inflorescências do tipo capítulo, branco-amareladas, sésseis, dispostas ao longo dos ramos superiores.
Origem: nativa do Sul e Sudeste do Brasil, sendo que o gênero Baccharis possui mais de 500 espécies distribuídas desde os Estados Unidos da América até o extremo sul da Argentina e do Chile. Desse total, 120 espécies estão distribuídas em maior concentração na região sul do Brasil.
Aspectos agronômicos: é conhecida por se desenvolver melhor em pleno sol. Comumente é encontrada em beiras de estradas, locais de alta declividade e áreas úmidas. Além disso, é considerada invasora em campos e pastagens. Desenvolve-se melhor em solos férteis e ricos em matéria orgânica. Quanto às pragas, geralmente é atacada por pulgões, cochonilhas e insetos mastigadores. A melhor época de plantio é de setembro a outubro, e a cultura deve ser renovada a cada três anos. A propagação se faz de forma gâmica  ou agâmica.
Composição química: o óleo essencial de B. trimera contém monoterpenos (α e β-pineno, nopineno) e alcoóis sesquiterpênicos (carquejol, ésteres terpênicos). O extrato fresco etanólico contém uma mistura de cinco flavonoides: quercetina, luteolina, nepetina, apigenina e hispidulina. Além disso, foram encontrados flavonas e flavononas; flavonoides, lactonas, saponina, resina, vitaminas, polifenóis, taninos, α e β-cadineno, calameno, eledol e eudesmol.
Importância farmacológica: atividade anti-hepatotóxica, anti-inflamatória e analgésica, relaxante muscular, antiproteolítica e anti-hemorrágica, antioxidante, antidiabética, antissecretora e redução da pressão arterial.
Importância econômica: carqueja é umas das plantas medicinais nativas com elevado nível de importância no cenário brasileiro, além de ser a quarta planta medicinal mais utilizada na região do município de Pato Branco (PR), e uma das dez espécies medicinais mais comercializadas no Brasil. A carqueja é vendida no mercado nacional na forma desidratada ou em cápsulas, tinturas ou comprimidos, além de chás em sachês e em pacotes.
Etnofarmacologia: O primeiro registro de carqueja como medicinal foi evidenciado em 1835 pelo naturalista inglês Sir Charles James Fox Bunbury, que descreveu a infusão da planta toda no combate da febre. Usos populares de B. trimera registrados na literatura científica indicam como digestiva, diurética, hepatoprotetora, hipoglicêmica e no combate à anemia, antiemética e antinauseante e a planta toda, como calmante.
Nota de alerta: não deve ser consumida por gestantes.


     Fonte: http://www.tropicos.org/   

Nome científico: Aloe vera (L.) Burm.f
Nomes vernaculares: babosa, aloés, aloé-candelabro, babosa-de-arbusto, erva-babosa, erva-de-azebra, caraguatá, caraguatá-de-jardim, aloé-do-natal.
Características botânicas: herbácea, suculenta e pode chegar até 1 metro de altura. O caule é ramificado e com base lenhosa. Folhas suculentas, lanceoladas, agudas, verde, com manchas esbranquiçadas quando jovens, medindo de 15 cm a 60 cm de comprimento e cerca de 10 cm de largura na face abaxial. Quando cortadas, as folhas liberam um gel transparente. O florescimento da babosa se dá no inverno, com inflorescências eretas e muito vistosas. As inflorescências são do tipo racemo, com numerosas flores vermelhas, laranjas ou amarelas, tubulares e bastante atrativas para beija-flores e abelhas. 
Origem: nativa do norte da África (provavelmente da Somália e Sudão).
Aspectos agronômicos: desenvolve-se melhor em sol pleno ou meia-sombra, em solo arenoso, enriquecido com matéria orgânica e irrigado a intervalos regulares. Cresce de forma subespontânea em toda a região Nordeste do Brasil. É considerada rústica por tolerar condições extremas como: estiagem, solos inférteis, altitude elevada, baixas temperaturas, variações bruscas de temperatura e ventos. Multiplica-se por rebentos (propagação agâmica) e, mais raramente, por sementes (propagação gâmica). O transplantio ocorre 30 dias após a propagação. Recomenda-se colher as folhas quando estiverem bem desenvolvidas.
Composição química: polissacárido, prostaglandinas, prostaglandinas, enzimas (amilase), antraquinonas (aloína), aminoácidos essenciais (lisina, isoleucina, fenilanina, valina, leucina, mettionina, triptofano e teonina), aminoácidos não essenciais (ácido aspártico, ácido glutâmico, alanna, prolina, histidina, serina, glicina, arginina, tirosina), vitaminas (vitaminas A, B1, B5, B6, B12, C, E), sais minerais e resinas.
Importância farmacológica: conhecida como a “cornucópia da farmácia divina”, possui diversos fins farmacológicos como: adstringente, anestésica, anticancerígena, anti-hemorrágica, anti-inflamatório, antisséptica, bactericida, cicatrizante, colerética, dilatadora capilar, emoliente, fungicida, hidratante, proteolítico e virucida.
Importância econômica: o gel liberado pelas folhas da babosa é usado na fabricação de gel medicinal, xampus, cremes e sucos. São produzidos em escala industrial com alta viabilidade comercial e grande aceitação pelos consumidores. No Brasil, os produtos à base de babosa foram proibidos pela ANVISA (RE n°- 5.052, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2011) por falta de comprovação científica das ações farmacológicas e pelo risco de toxicidade. Seu uso é regulamentado apenas em cosméticos e como aditivo, com função de aromatizar alimentos e bebidas.
Etnofarmacologia: são inúmeros relatos históricos sobre o uso medicinal da babosa. Há 6.000 anos a.C. ela era usada como medicinal pelos chineses. Há 2.000 anos, Dioscorides já havia enumerado diversos usos medicinais da babosa. 
Nota de alerta: não usar sem recomendação médica.

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