Espinheira-santa (Brasil) X Eucalipto (Oceania)

                             A Copa do Mundo das Plantas Medicinais




        Fonte: http://www.cpqba.unicamp.br/


Nome científico: Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek
Nomes vernaculares: espinheira-santa, cancerosa, cancorosa-de-sete-espinhos e maiteno.
Características botânicas: subarbusto ou árvore, ramificado desde a base, medindo cerca de 5,0m de altura. Folhas congestas, coriáceas e glabras; nervuras proeminentes na face abaxial; forma elíptica ou estreitamente elíptica; margem inteira ou com espinhos em número de 1 a vários, distribuídos regular e irregularmente no bordo. Inflorescências em fascículos multifloros. Estames com filetes achatados na base. Estigma captado, séssil ou com estilete distinto; ovário saliente ou totalmente imerso no disco carnoso. Fruto do tipo cápsula bivalvar, orbicular; pericarpo maduro de coloração vermelho-alaranjada.
Origem e distribuição geográfica: encontrada predominantemente na região sul do Brasil, no interior de matas nativas e em matas ciliares.
Aspectos agronômicos: prefere solos argilosos, porém bem drenados e com alto teor de matéria orgânica. Pode ser propagada por sementes, desde que: a) as colha quando os frutos estiverem com as valvas abertas expondo o arilo; b) as colha somente daqueles frutos que contém sementes morrom-escuras (raspa-se o arilo para tal observação) e; c) Remova o arilo manualmente antes da semeadura. Uma das vantagens de se propagar a espinheira-santa por sementes, além de permitir a produção de mudas em larga escala, é a formação da raiz pivotante, que não ocorre no sistema de propagação agâmica. Por outro lado, a variabilidade genética é maior nesse tipo de propagação. Recomenda-se iniciar a semeadura na primavera e o transplante no verão. Densidade de 4.000 plantas por hectare, no espaçamento de 1,0m x 2,5m entre plantas e linhas, respectivamente. Exige irrigações frequentes na fase inicial de crescimento e desenvolvimento, principalmente até os 2 primeiros anos. O cultivo pode ser realizado a pleno sol ou em consorciação com outra espécie que forneça sombreamento parcial. Pode ocorrer cochonilhas, ácaros, pulgões e ocasionalmente ferrugem. No Brasil, o período ideal para a colheita (poda) é no início da primavera. A primeira colheita pode ser realizada com a poda na altura de 50cm. A secagem é realizada em secador com ar aquecido, regulado para temperatura máxima de 40°C. Após a secagem, faz-se a separação dos ramos e folhas, de forma manual (CPQBA, 2002).
Composição química: terpenóides, taninos, alcaloides, macrolídeos, flavonoides dentre outros. Os compostos triterpênicos friedelina e friedelanol destacam-se por serem responsáveis pelos efeitos antiulcerogênicos.
Importância farmacológica: tratamento de gastrites, úlceras gástricas e duodenais. Ainda possui atividades antineoplásica, antimicrobiana, imunológica, antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória, sobre o sistema nervoso central e sobre a espermatogênese. Efeitos adversos são baixos. No entanto, em outras partes da América do Sul, a espinheira-santa é usada no controle de natalidade, como contraceptivo.
Importância econômica: é comercializada no mercado nacional e internacional na forma desidratada, mas devido à falta de divulgação científica do seu potencial farmacológico, agronômico, ambiental entre outros, ela ainda não possui grande relevância econômica.

Etnofarmacologia: o uso medicinal de espinheira-santa é datado da década de 20, quando já era utilizada para tratar gastrites e dispepsias. Segundo dados etnofarmacológicos disponíveis na literatura científica, é utilizada como tônica, analgésica, anti-séptica, cicatrizante, diurética e laxativa. No caso do tratamento de úlceras e gastrites, pode ser preparada tanto na forma de emplastros, decocto, por infusão, como na forma de chás e extratos das folhas.
Nota de alerta: não consumir espinheira-santa durante a gravidez e lactação.


       Fonte: http://www.tropicos.org/


Nome científico: Eucalyptus globulus Labill.
Nomes vernaculares: eucalipto, árvore-da-febre, comeiro-azul, mogno-branco, eucalipto-limão.
Características botânicas: existem mais de 600 espécies pertencentes ao gênero Eucalyptus. O nome eucalipto significa “bem coberto” – uma referência a como a árvore protege suas folhas. Seu tronco possui a casca lisa, acinzentada ou castanha, desprendendo-se em grandes placas e lâminas. Pode chegar até 60m de altura, mas outras espécies podem atingir até 140m. As folhas são grandes com até 35cm de comprimento. As inflorescências são solitárias e surgem nas axilas das folhas (figura 1). Os frutos são pequenos contendo numerosas sementes também pequenas.

Figura 1. inflorescência de eucalipto.


Origem e distribuição geográfica: Oceania e Tasmânia (figura 2). As diferentes espécies de eucalipto representam quase 40% de todas as plantações de florestas tropicais no mundo cobrindo mais de 42 milhões de hectares.


Figura 2. continente Oceania

Aspectos agronômicos: reproduz-se por sementes, estacas e cultura de tecidos, adaptando-se bem a diversos tipos de solos. Floresce e frutifica no mês de março. Possui rápida regeneração após cortado.
Composição química: óleos essenciais (cineol ou eucaliptol, mono e sesquiterpenos), flavonoides, taninos, ácidos diversos, resinas, ceras entre outros.
Importância farmacológica: expectorante, fluidificante, antisséptico (a nível respiratório, intestinal e urogenital), antigripal. A atividade expectorante ocorre porque o eucaliptol fluidifica o catarro, tornando-o menos viscoso e mais “solto”. Dessa forma, o catarro é expelido de maneira mais fácil, além de reduzir a produção de secreção brônquica.
Importância econômica: a partir do século XIX sua madeira foi muito utilizada, além de seu óleo essencial, sua sombra e, sua capacidade de drenagem em áreas alagadas. A produção de óleo essencial iniciou-se em 1860, na Austrália, sendo utilizado até os dias de hoje para limpeza, higiene e na fitoterapia. A madeira ainda é muito utilizada como combustível, carvão, postes, dormentes de ferrovias, estacaria para fundações, celulose, construção civil, papéis diversos, fraldas descartáveis, cápsulas de medicamentos, componentes eletrônicos e como ornamental.
Etnofarmacologia: Os aborígenes utilizavam sua casca para o preparo de banhos e, em casos de diarreias, o carvão das cascas era utilizado como anti-séptico.
Cuidados: a ingestão de doses elevadas pode levar a náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, dispneia, hematúria e, em casos mais graves até convulsões, perda de consciência, depressão respiratória e coma. Em crianças menores de 02 anos, o eucalipto, assim como outras plantas ricas em óleos essenciais, pode levar a um efeito paradoxal a nível respiratório (bronco espasmo), mesmo em doses adequadas. Pode causar ainda, fototoxicidade e irritação cutânea em pessoas sensíveis, durante a gravidez, lactação e em crianças menores de 02 anos.

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