Guaco (Brasil) X Equinacea (América)

                                         A Copa do Mundo das Plantas Medicinais


Nome científico: Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker
Nomes vernaculares: guaco, cipó-almécega-cabeludo, cipó-catinga, cipó-sucuriju, guaco-de-cheiro, guaco-liso, guaco-trepador, uaco.
Características botânicas: trata-se de um arbusto lenhoso e cheio de ramos, que cresce como uma trepadeira, embora não tenha garras para se prender em apoios. Folha com consistência coriácea, escuras quando secas; trinervadas na base, com nervuras impressas na face ventral e salientes na face dorsal. Folha de maior comprimento que largura, base não hastada e dentes laterais, quando presentes, pouco evidentes. Brácteas subinvolucrais estreitamente ovaladas, junto às brácteas involucrais, glabra a pouco pilosa. A floração, de cor branca ou amarelada, surge na forma de pequenos capítulos.
Origem e distribuição geográfica: nativa do sul do Brasil, ocorre principalmente na Floresta Atlântica brasileira, desde o estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.
Aspectos agronômicos: se desenvolve bem em locais com clima ameno, como os da região Sul e boa parte do Sudeste. Mas também é cultivada em outras regiões do país, inclusive no Ceará, onde nunca apresenta flores. Recomenda-se solo arenoso e rico em matéria orgânica. A propagação por estacas de caule (15 a 20 cm) deve ter um par de folhas cortadas ao meio. Após o enraizamento, a muda deve ser transplantada e tutorada em espaldeiras, realizando amarrações periódicas dos ramos nos arames no sentido anti-horário, já que o guaco é uma planta levógira. As mudas devem ser transplantadas a uma distância de 2m entre elas. É tolerante ao frio no cultivo em campo. Nos períodos de seca é importante estar atento para manter a terra úmida, irrigando sempre que necessário, mas sempre evitar encharcar o solo. A colheita das folhas pode ser realizada após os 16 meses do plantio, sendo possível colher entre duas e quatro vezes por ano, sempre deixando pelo menos 30% dos ramos com folhas na planta para permitir a sua recuperação vegetativa. A produtividade é de aproximadamente 8 kg de matéria fresca por planta.
Composição química: cumarinas, heterosídeos antracênicos, geninas antracênicas, triterpenos/esteroides, saponinas, heterosídeos flavônicos, geninas flavônicas, alcalóides, heterosídeos cardiotônicos, taninos, polifenóis entre outros.
Importância farmacológica: é indicada no combate à tosse, asma, bronquite, rouquidão e outros sintomas associados à gripe e resfriado. Tratamento contra picada de cobra e de inseto.
Importância econômica: Em 1870, chegou a ser criado um produto preparado com hastes e folhas da planta - Opodeldo de Guaco, que durante décadas foi considerado um "santo remédio" contra bronquite, tosse e reumatismo. Atualmente não existe grande relevância econômica, apesar do grande potencial farmacológico.
Etnofarmacologia: índios brasileiros sempre utilizaram o guaco para o tratamento de picadas de cobra, aplicando compressas do caule e das folhas maceradas diretamente no local da ferida. É usado para tratar reumatismo, infecções intestinais e cicatrizar ferimentos. O xarope de suas folhas é usado para combater bronquite.
Nota de alerta: pessoas que fazem uso de drogas anticoagulantes não devem utilizar o guaco sem recomendação médica. Doses grandes podem causar náuseas, vômitos e diarreia.




Fonte: http://www.tropicos.org/


Nome científico: Equinaceae purpurea (L.) Moench
Nomes vernaculares: flor-roxa-cônica, cometa-roxo, equinácea.
Características botânicas: planta herbácea perene, ereta, rizomatosa, florífera, pouco ramificada, de 60-120 cm de altura, com folhas opostas, curto-pecioladas, cartáceas, ásperas, com três nervuras salientes, medindo de 4 a 12 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos cônicos, dispostas no ápice dos ramos, compostas por flores centrais diminutas de cor marrom-arroxeadas e de flores externas de corola alongada de cor rosa-arroxeada voltadas levemente para baixo. O conjunto, com 10 a 15 cm de diâmetro, lembra a cabeleira de um cometa, daí a razão de um de seus nomes populares. Possui raízes cilíndrico-afiladas, inteiras, sutilmente espiraladas, longitudinalmente sulcadas, fibrosas, com a casca fina, lenhosa, com poros alternos. O rizoma tem medula com a forma circular.
Origem/distribuição geográfica: América do Norte e cultivada no Brasil como ornamental.
Aspectos agronômicos: produz vários rizomas, podendo ficar no solo vários anos. Tolera temperaturas negativas. Apresenta floração prolongada, sendo extremamente atraente para as grandes borboletas e outros insetos. A flor tem um leve cheiro de mel. Adéqua-se bem aos solos ricos em matéria orgânica e bem drenados. O excesso de água pode provocar o apodrecimento dos rizomas. Produz inúmeras sementes com enorme viabilidade germinativa. Deve ser semeada na primavera e a germinação normalmente ocorre de 10 a 20 dias. O espaçamento recomendável no cultivo é de 30 a 45 cm entre plantas. O florescimento ocorre de setembro a novembro. Após a secagem, toda a sua parte aérea e raízes são comercializadas principalmente para indústrias farmacêuticas.
Composição química: Óleo essencial, fitosteróis, rutósido, alcalóides pirrozidínicos (0,006%), possui como compostos ativos os derivados dos ácidos dicafeico e ferúlico, os equinacósidos A e B (0.5 a 1%), compostos alifáticos de cadeia longa e polissacáridos (equinacinas). As folhas e flores contêm ácido chicórico, rutina e metiléster. A parte aérea contém amidas altamente insaturadas, germaceno, vanilina, metil-p-hidroxicinamato e um derivado de labdano. O rizoma contém poliacetilenos, ácido chicórico (0.6 a 2.1%), ácido clorogênico, alcamidas, derivados do ácido cafeico, equinaceína, 4-0-metil-gliconoarabinoxilano, inulina, frutose, pentose, ésteres do ácido cafeico (equinacosídeo – 0.5 a 1% e cinarina), humuleno, equinolona e betaína. Entre os polissacarídeos encontrados, o principal é a arbinogalactana.
Importância farmacológica: são utilizados no tratamento da gripe, sinusites e bronquites, principalmente em doentes com imunidade diminuída. Além disso, é anti-inflamatória, antimicrobiana, antiviral, estimulante de citocinas e protetor do colágeno.
Importância econômica: é considerada “erva sensação” nos Estados Unidos da América devido à larga produção de medicamentos na forma de cápsulas, chás, extratos, tinturas entre outros.
Etnofarmacologia: usada pelos índios norte americanos do meio-oeste para tratar picada de insetos, envenenamento do sangue, picadas de cobras, lesões na pele, problemas respiratórios e dor de dentes.
Nota de alerta: A segurança durante a gravidez e a lactação ainda não foi confirmada, não sendo recomendável o uso nestes casos.

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